A Ponte

A PONTE

Rigidez, solidez, fluidez, o caminho.

A ponte é segurança em atravessar por eixos ousados, abrindo passagem em meio ao caos das não possibilidades, ligando colinas, protagonizando o teto de precipícios, o chão dos aventureiros, garantindo que estes concluam o objetivo. Traçar a rota é fácil, pôr o pé na estrada apesar de intricado ou tardio, é viável. Ultrapassar desafios, trilhar caminhos interrompidos e quebrados por acidentes geológicos, normalmente separam a tão sonhada vitória da conquista do final exuberante da chegada. A ponte, embora oscilante em alguns pontos, desfila se movendo ao vento e convidativa te diz em linguagem simbólica que é possível continuar. A ponte é a possibilidade de seguir, é a esperança.
A ponte sempre foi parte da minha trajetória, já caminhei por estruturas seguras de madeiras e pedra, caminhos largos e estreitos, curtas ou longas me cansando no meio do trajeto. Já desisti no início por não confiar no meu taco. Já desisti no início por não confiar na passagem. Já parei no meio e voltei. Já parei e tropecei. Já cheguei perto do fim e quis pular. Já concluí e voltei atrás correndo com medo do novo terreno, mas hoje não, hoje eu concluo e sigo em frente. Atravessar sempre foi meu maior desafio, desafio passado, superado e aprendido. Hoje atravessar é minha maior diversão e devo isso às pessoas-pontes que passaram por mim.
Como boa pessimista, excelente analítica e crítica irremediável não conseguia ter segurança em pontes que simpaticamente me apareciam contornando colinas. Não conseguia vislumbrar fé no fim da estrada. O que me movia era sempre a pretensão ingênua e juvenil que acreditava piamente poder tudo. Aquele espirito de aventura que topa e se joga por inteiro no buraco desconhecido, o abismo abaixo dos pés. Eu corria por estradas, acelerada e sem ritmo. No fogo das emoções com temperatura corporal elevada eu atravessava no impulso, às vezes.
As pessoas-pontes apareceram e ajudaram a me trabalhar, auxiliaram na construção de um caminho e um percurso a percorrer. Hoje tenho segurança em prosseguir diante do precipício, passo a passo, guiado por minhas pontes seguras, eu concluo sonhos e atinjo metas. Pessoas-pontes transformaram-se literalmente em meu chão, a parte de mim que ocasiona equilíbrio, inspira determinação, é a convicção de que o fim está próximo e o sucesso me aguarda na esquina.
Nos últimos anos fechei contrato com uma ponte exclusiva e confesso que foi a melhor decisão desde então. Ando atualmente com uma ponte móvel embaixo do braço e ninguém me pega
mais de surpresa, quando o chão se abre embaixo dos pés, eu saco do bolso a solução e crio possibilidades de caminhos, carrego comigo aonde quer que eu vá a minha ponte, o meu chão, minha esperança. Por que devo ansiar que mistérios da vida aconteçam se posso conquista-os com esforço e foco? Eu e minha ponte somos a parceria que deu certo. Ela me fortalece e eu a oriento, temos uma um caminho de sonhos, vitórias conquistadas e almejadas. Juntos, eu e minha ponte, trilhamos caminhos em busca de um lugar na sombra, já que o sol em Fortaleza é tão quente.

Nayara Fontenele
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